terça-feira, 1 de março de 2011

POTENCIALIDADES PECUÁRIAS DE CABINDA



OBSERVAÇÃO: Texto escrito em Maio de 1996.


1 - INTRODUÇÃO

A escassez de recursos financeiros, a guerra que à décadas assola o território de Cabinda, a degradação dos sistemas produtivos, a desarticulação entre a produção e os circuitos de distribuição e a reduzida oferta de produtos agro-pecuários, exigem uma especial atenção para que se possa assegurar a produção de alimentos e garantir dietas adequadas à população daquela região.

A crescente dependência do desenvolvimento económico de Cabinda em relação ao comportamento do sector petrolífero, conduz à estagnação dos sectores primário e secundário, obrigando o estado a recorrer, cada vez mais, à importação e à ajuda alimentar da comunidade internacional..

Porque o desenvolvimento dos recursos disponíveis localmente tem sido menos importante para governantes e conselheiros dos países dadores e receptores do que a transferência de tecnologia, há a necessidade de alertar, encorajar e apoiar técnicos e políticos de Cabinda para a urgência da criação de sistemas sustentáveis, através da exploração de recursos locais, redução ao mínimo das importações e do recurso ao comércio e tecnologias locais ou regionais.

A integração da pecuária nos diversos sistemas de exploração permitirá uma melhor utilização das terras e aumentos dos rendimentos das culturas, maior segurança alimentar, mais proveitos para as famílias e uma maior contribuição do sector agrícola de Cabinda para o produto interno bruto.

A falta de progresso na pecuária não é só o resultado da carência de meios e recursos técnicos mas também, uma consequência do lento desenvolvimento económico de Cabinda. A produção agrícola de subsistência não estimula a produção pecuária, cujo crescimento será consideravelmente mais lento do que a procura cada vez mais crescente de produtos de origem animal.

A utilização dos parcos recursos financeiros do governo de Cabinda, em projectos pecuários de viabilidade comprovadamente duvidosa, à base de cereais, que Cabinda não produz, conduzirá a uma permanente dependência do exterior e dos circuitos de importação e impede que os organismos do estado cumpram com as suas obrigações na elaboração e execução de um programa de fomento pecuário de Cabinda.

As condições naturais e as potencialidades económicas de Cabinda permitem que, antes do fim do século 20, se possa atingir a auto-suficiência alimentar e se possam exportar os seus excedentes.

2 - DESCRIÇÃO GERAL DE CABINDA (1)

2.1 - SITUAÇÃO. LIMITES

A superfície de Cabinda é de 7 300 km2 e confina a Norte e Nordeste com a República do Congo, a Sul e a Leste com a República do Zaire e a Oeste com o Oceano Atlântico (Fig. 1).

O território encontra-se praticamente enquadrado pelos paralelos 4º 23’ e 5º 46’ de Latitude Sul e pelos meridianos 12º e 13º 6’ de Longitude este de Greenwich.

2.2 - CLIMA

2.2.1 - Temperatura – as temperaturas médias anuais são sempre superiores a 24ºC (Cabinda com 24,7ºC, Lândana com 24,2ºC, Buco Zau com 24,6ºC e Belize com 25,2ºC). Março e Abril são os meses de temperatura média mais elevada (27ºC) e Julho ou Agosto os meses com média mais baixa (21ºC).

2.2.2 - Precipitação – na cidade de Cabinda, a uma altitude de 20 m, o valor médio é de 844 mm, enquanto que em Buco Zau, a 350 m, aquele valor é superior a 1 350 mm. Há duas estações: estação das chuvas (sete meses – Outubro a Maio), com dois máximos, um em Novembro e outro em Abril, separados por um pequeno cacimbo; estação do cacimbo – (quatro meses – Junho a Setembro).

2.2.3 - Humidade – registam-se na cidade de Cabinda valores médios anuais de 86% e em Buco ZAu de 88%, com pequenas amplitudes de variação mensais. De acordo com estes valores todo o território tem clima húmido.

2.2.4 - Vegetação – a maior parte do território de Cabinda é ocupado por floresta densa húmida (Floresta do Maiombe); savanas com arbustos (a segunda formação em extensão); povoamentos arbustivos de matos cerrados; palmares naturais de Elaeis guineensis Jacq. E, agrupamentos de diversas espécies de palmeiras do género Hyphaene.

Embora ocupem áreas relativamente pequenas deve referir-se a existência de mangais, circunscritos ao estuário do Rio Chiloango e às zonas lodosas da lagoa Massabi.

3 - A PECUÁRIA EM CABINDA

A tradição da criação de bovinos é recente, não ultrapassando o efectivo as 500 cabeças. Os bovinos de raça Dahomey pertencem ao sector familiar e concentram-se no Norte e Nordeste, especialmente nas comunas do Luali, sede de Belize, Ganda Cango, Necuto e sede de Buco Zau.

O sector empresarial é representado pela Fazenda Malembo que possui exemplares de várias raças (Zebu, Africander, Brown Swiss, Simmentaler, Santa Gertrudis) e seus cruzamentos.

Os ovinos e caprinos pertencem ao grupo dos anões da África Ocidental (West African Dwarfs) e são explorados pelo sector familiar, no sistema de pastoreio livre. No sector empresarial há um reduzido número de animais adquiridos no Sul de Angola e cruzados com os da região.

Os porcos desta região são de tamanho médio (45 a 50 kg, quando adultos), rústicos e de elevada prolificidade mas pouco precoces e vivem em sistema livre. A exploração de porcos do sector empresarial é débil devido à dependência da importação de cereais.

A maior parte das famílias são detentoras de um reduzido efectivo de galinhas “gentias”, muito vigorosas e rústicas. O crescimento destas aves é lento e atingem em geral, pesos que oscilam entre 0,800 e 1,500 kg. A postura anual é de cerca de 60 ovos com 25 a 35 gramas de peso. O efectivo de galinhas do sector empresarial é muito reduzido por estar dependente da importação de cereais.

O pato comum, cujo peso oscila entre 2,5 – 3 kg nas fêmeas e 3 – 5 kg nos machos, embora de crescimento lento, assume maior importância nas explorações familiares das Comunidades de Floresta e Marginais da Floresta.

3.1 – MINI-PECUÁRIA

A exploraçãp racional de galinhas, patos, gansos, pombos, coelhos, cobaios (Cavia porcellus), tão-da-cana (Thryonomys swinderianus), rato-da-Gâmbia (Cricetomys emini e C. gambianus), caracol gigante (Achatina (Achatina) balteata e Archachatina (Calachatina) marginata) é uma actividade muito prometedora e que deve ser incentivada, por constituir uma importante fonte alimentar e de receitas para as populações das várias comunidades de Cabinda (2).

4 – ASSISTÊNCIA ZOOTÉCNICA E VETERINÁRIA (2)

4.1 - Zonagem pecuária (Fig. 2):



4.1.1 – Zona do Maiombe – devido à presença da mosca tsé-tsé, o sector familiar e empresarial devem explorar, em regime livre, bovinos de raça Dahomey e por vezes seus cruzamentos com N’Dama. Sob certas condições e de preferência em sistema semi-intensivo, o sector empresarial também pode explorar gado N’Dama.

4.1.2 – Zona Marginal da Floresta – o risco de tripanossomose a Sul do Rio Chiloango diminui à medida que se aproxima de Chimbuande, é possível a criação de bovinos da raça N’Dama no sector familiar e empresarial. No sector empresarial, e nas zonas de floresta mais densa, pode também ser explorado o Dahomey (ou outra raça de bovino cornicurto da África Ocidental), o qual, sempre que as condições o permitam, pode ser melhorado por cruzamento com o N’Dama.

A suinicultura e a avicultura familiar e empresarial, em sistema livre ou semi-intensivo, poderão exercer um papel muito importante no abastecimento de carne às cidades de Cacongo e Cabinda.

As diversas lagoas existentes nesta zona poderiam permitir a exploração piscícola, cujo aproveitamento racional pode transformá-la numa importante fonte de proteínas e de receitas para a região.

4.1.3 – Zona fora da Floresta – é a que reúne melhores condições para o desenvolvimento da pecuária no sector empresarial, permitindo inclusive a exploração de raças exóticas, mais produtivas. Devem ser preferidas raças dotadas de certa rusticidade e que resistam bem às altas temperaturas e à elevada humidade.

Nesta zona as pequenas e médias empresas suinícolas e avícolas podem explorar raças mais produtivas se a produção local de cereais atingir níveis que cubram as necessidades da população de Cabinda e em que os excedentes possam, assim, ser utilizados para a alimentação animal.

Nas zonas do Maiombe e Marginal da Floresta, a criação de pequenos ruminantes autóctones ou de outras raças do tipo anão da África Ocidental, bem adaptadas ao Clima, tripanotolerantes e mais resistentes a diversas doenças, deve ser intensificada, quer no sector empresarial como no familiar. Na Zona Fora da Floresta podem ser utilizadas raças melhoradas desde que adaptadas às elevadas temperatura e humidade de Cabinda.

A intensificação da mini-pecuária no sector familiar das três zonas pecuárias, poderá desempenhar igualmente papel de relevo no aumento do consumo de produtos de origem animal e no abastecimento às populações com baixo poder aquisitivo dos bairros periféricos dos principais centros urbanos.

5 – LINHAS MESTRAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA PECUÁRIA

A tradição pecuária é recente e, para que seja possível o desenvolvimento pecuário de Cabinda, será necessário desenvolver as seguintes acções (2):

- Criação de dois pequenos centros de pesquisa e fomento pecuário que, considerados como pólos de desenvolvimento, permitirão o desenvolvimento da pecuária de Cabinda;

- Execução de um programa de fomento pecuário que vise o melhor aproveitamento económico das diferentes zonas pecuárias mas que tenha em atenção as condicionantes sócio-culturais e financeiras das populações rurais, que têm normalmente na agro-pecuária a sua actividade principal – e na capacidade técnico-financeira dos criadores do sector empresarial;

- Instalação de um laboratório de diagnóstico que permita prestar informações válidas e seguras sobre a presença e magnitude de determinada doença animal, confirmar o diagnóstico clínico, fornecer os dados necessários à avaliação dos programas de controlo sanitário, elaborar informações sobre a situação epidemiológica, efectuar e orientar os testes necessários à importação e exportação de animais e seus produtos, avaliar no terreno vacinas e medicamentos, etc.;

- Elaboração de programas de profilaxia sanitária contra as principais doenças dos ruminantes e monogástricos existentes no território e que cubram o sector familiar e empresarial;

- Construção de um matadouro local, de preferência junto ao principal centro de consumo, a cidade capital.

6 – CONCLUSÕES

Do acima exposto se conclui que Cabinda tem potencialidades pecuárias naturais que, exploradas racionalmente, permitirão a melhoria do nível de vida das populações que, passa inevitavelmente, pelo aumento do consumo de produtos de origem animal. Para se responder a esta aspiração, que é legítima, é necessário adoptar as melhores e as mais eficazes alternativas, cujas decisões deveriam estar ao alcance dos produtores e comerciantes ou seus representantes, dos investigadores, planificadores e políticos de Cabinda.

BIBLIOGRAFIA

(1) – CASTANHEIRA DINIZ, A. (1973) – Características mesológicas de Angola. MIAA. Nova Lisboa. Angola. pp:: 3-15;

(2) – GOMES, A. F. e MORAS CORDEIRO, J. M. (1991) – A Pecuária em Cabinda. MINADER, Inst. Inv. Veterinária. Huambo, Angola. p: 122;

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A importância da mini-pecuária e o consumo de animais silvestres em Cabinda

OBS: Comunicação apresentada ao Congresso Internacional de Medicina Veterinária dos Países em Língua Portuguesa. Praia. Cabo Verde. 1998.


RESUMO

A escassez de recursos necessários para a criação de animais domésticos de grande porte (gado maior) e a alimentação deficiente em proteínas e calorias de origem animal, da maior parte das famílias camponesas do continente Africano, criou e continuará lamentavelmente a criar, um exército de seres humanos que padecem, ciclicamente, de mal nutrição e fome. A procura constante de novas terras e o galopante índice demográfico em África obriga os técnicos à adopção de novos conceitos e novas tecnologias que se adaptem à realidade sócio-económica e cultural dos camponeses de cada uma das regiões do continente Africano. A criação de animais de pequeno porte, junto às residências ou bairros, poderia constituir uma alternativa importante como fonte de alimentos e de rendimentos para as populações rurais de Cabinda.

1 - INTRODUÇÃO

A exploração de pequenos animais, pouco exigentes, muito prolíficos e adaptados às condições ecológicas de Cabinda, é uma actividade muito prometedora e cuja exploração racional poderá constituir uma importante fonte de alimentos e de rendimentos para as populações.
A deficiente oferta e a grande procura de produtos pecuários faz com que estes atinjam preços elevados, tornando difícil a compra desses produtos devido aos baixos rendimentos das populações.
Uma alternativa, relativamente barata, é o consumo de animais silvestres pelas populações urbanas, peri-urbanas e rurais de um grande número de países Africanos. O consumo desses animais assume hoje em dia uma importância que não deve ser negligenciada pois, atinge percentagens superiores ao consumo de carne de animais domésticos.
Em Cabinda, à semelhança do que ocorre nos países vizinhos (Congo, Zaíre e Gabão) e noutros da África Ocidental, uma elevada percentagem da população consome periodicamente várias espécies de animais silvestres que os adquirem nos mercados ou aos caçadores da região. O consumo de carne de cabrito, borrego e porco, nas populações das várias comunidades de Cabinda, é reduzido e só ocorre por ocasião de festas religiosas ou comunitárias.
A colocação em prática de um projecto de assistência técnica e veterinária e a melhoria dos circuitos de comercialização, permitiria aos criadores a obtenção de maiores rendimentos e tornaria mais acessíveis os preços dos produtos de origem animal.

2 – MATERIAL E MÉTODOS

Com base nos critérios adoptados pela Missão dos Inquéritos Agrícolas de Angola (MIAA) em 1967, foram individualizados quatro estratos em Cabinda: Comunidades da Floresta (CF), Comunidades Marginais da Floresta (CMF), Comunidades Fora da Floresta (CFF) e Comunidades Suburbanas (CS).
Com o objectivo de se obter informações sobre a importância da mini-pecuária e do consumo de animais silvestres em cada um dos estratos, foi realizado um inquérito directo, previamente elaborado, procurando-se homogeneizar a amostragem pelos quatro estratos. Os interrogatórios foram feitos separadamente, indivíduo por indivíduo, tomando-se todas as cautelas para se obter informações credíveis.

2.1 – Caracterização das Comunidades de Cabinda

Cabinda, com uma superfície de 7 300 km2, é limitada a Norte e a Nordeste pela República do Congo, a Leste e Sul pela República do Zaíre e a Oeste pelo Oceano Atlântico, estando envolvida pelos paralelos 4º 23’ e 5º 46’ de Latitude Sul e pelos meridianos 12º e 13º e 6’ de Longitude Este (Figura 1).
Com base nas características do território e quadro agro-económico, foi elaborada uma estratificação na qual se baseou o inquérito (1). Os quatro estratos individualizados são em seguida caracterizados.


FIGURA 1 - Estratificação comunitária.


2.1.1 – Comunidades da Floresta (CF)
- Características gerais

Estas comunidades englobam os municípios de Belize e Buco Zau, situados a leste do Rio Inhuca e ocupam uma superfície aproximada de 3 156 km2. A população das CF pertence maioritariamente ao grupo Maiombe. A população rural correspondia, em 1991, a 42,4% da população rural total de Cabinda (1).

2.1.2 – Comunidades marginais da floresta (CMF)
- Características gerais

Englobam a maior parte dos territórios dos municípios de Cacongo e Cabinda, à excepção duma faixa costeira, limitada a Leste por uma linha imaginária que parte de Cacongo, passa por Sassa Zau, Ntó e termina no Iema (Figura 1). Ocupam uma superfície aproximada de 3 300 km2. A população pertence aos grupos étnicos Cacongo e Cabinda. As clareiras existentes na região ocupada por estas comunidades possibilitam a prática de uma agricultura mais diversificada que constitui a ocupação principal destas populações (1).

2.1.3 – Comunidades fora da floresta (CFF)
- Características gerais

Estas comunidades ocupam uma faixa litoral, com altitudes inferiores a 200 m, limitada por uma linha imaginária que une Cacongo ao Iema, na fronteira Sul, depois de passar por Sassa Zau, cortar a estrada que une Lucola a Subantando a cerca de meia distância entre estas duas localidades e de passar por N’. Apresenta uma superfície aproximada de 600 km2 (Figura 1). A população das CFF pertence aos grupos Cacongo e Cabinda e, para além da agricultura, dedicam-se igualmente à pesca para autoconsumo e venda nos mercados de Cacongo e Cabinda. A população da comuna do Malembo, enquadrada nesta região, constitui cerca de 20% do total da população do Município de Cabinda.

2.1.4 – Comunidades suburbanas (CS)
- Características gerais

Estas comunidades ocupam as áreas suburbanas das cidades de Cacongo e Cabinda, localizadas no litoral, abaixo dos 200 m de altitude. A população destas comunidades constitui cerca de 43,3% da população de Cabinda (1) e pertencem aos grupos étnicos Cacongo e Cabinda, embora englobem uma população muito heterogénea, proveniente de outros pontos de Angola e de países vizinhos.

3 – RESULTADOS
3.1 – Objectivos da exploração pecuária

Em todas as comunidades o objectivo principal da criação de aves, pequenos ruminantes e porcos é o auto-consumo, embora os pequenos ruminantes e porcos possam ser também consumidos em dias de festa religiosa ou comunitária (1). A comercialização destes animais ocupa um lugar secundário, mas nas regiões fronteiriças (Congo e Zaíre) e nas localidades atravessadas pelas vias de comunicação (Belize, Buco Zau, Necuto, Dinge e Cacongo) a sua venda assume actualmente uma importância que não deve ser negligenciada.

3.2 – Alimentação da população

A alimentação base das populações de Cabinda é a seguinte:
- Comunidades da floresta – banana-pão, mandioca, espargado, farinha de mandioca, inhame, ginguba, milho, batata.doce;
- Comunidades marginais da floresta – mandioca e banana;
- Comunidades fora da floresta – mandioca, banana, peixe e feijão, sendo normal uma refeição diária de peixe);
. comunidades suburbanas – alimentação muito influenciada pelos produtos importados, embora a mandioca, banana e o inhame ocupem uma posição de relevo.
Em todas as comunidades os animais domésticos de maior consumo são: galinhas, patos, cabritos, borregos e porcos. As espécies selvagens mais consumidas são:
- Comunidades da floresta – porco-espinho, várias espécies de cefalofos, porco-do-mato, macaco, gibóia, rato-da-cana, rato-da-Gâmbia, golungo e por vezes também é consumida carne de elefante da floresta e de pacaça;
- Comunidades marginais da floresta – porco-espinho, cafalofos, macaco, rato-da-cana e porco-do-mato;
- Comunidades fora da floresta – porco-espinho, macaco, cefalofos e rato-da-cana;
- Comunidades suburbanas – consumo das espécies selvagens descritas para as outras comunidades, dependendo da oferta e preços praticados nos mercados (1).

3.3 – Caracterização sumária das espécies exploradas em Cabinda
3.3.1 – Caprinos

Pertencem aos caprinos anões da África Ocidental (West African Dwarfs). Apresentam pelagem variada e de boa conformação. São explorados em sistema livre, sem qualquer intervenção dos seus proprietários.
O interesse pela criação do caprino diminui de Miconje para Cacongo, ocupando nas Comunidades suburbanas maior importância. No Município de Belize, a criação de caprinos, ocupa a seguir aos suínos, o 2º lugar de importância. Nas famílias inquiridas foi encontrada uma média de sete animais por família (valores extremos: 5 e 9).
Segundo a tradição Maiombe, a mulher não pode comer carne de caprino. Nos maiores agregados populacionais essas regras vão sendo ultrapassadas, embora em algumas aldeias, a mulher continue a não comer essa carne (1).

3.3.2 – Ovinos


Pertencem ao grupo dos ovinos anões da África Ocidental (West African Dwarfs). Possuem cauda estreita e cilíndrica e apresentam boa conformação. A pelagem é muito variada, indo do preto, branco e castanho aos malhados de preto e de castanho. Alguns machos apresentam cornos em espiral e crina invertida, enquanto outros não apresentam nem cornos nem crina invertida. Nas fêmeas os cornos estão ausentes. As orelhas são curtas e erectas (1).
São criados em total liberdade ou atados a uma corda nas comunidades marginais da floresta e fora da floresta. Nas famílias inquiridas foi encontrada uma média de seis animais por família (valores extremos: 3 a 9).
O interesse pela sua criação é maior no Norte (Miconje e Buco Zau) do que no Sul (Cacongo e Cabinda).

3.3.3 – Suínos

O suíno desta região é de tamanho médio, com cerdas negras e vive em liberdade nas comunidades da floresta e em cercados nas comunidades marginais da floresta e fora da floresta. É maior o interesse pela criação do suíno no norte (primeira prioridade na criação de animais domésticos) do que no Sul. São alimentados à base de raízes e folhas de mandioca e do que encontram enquanto deambulam à volta das casas, aldeias ou bairros. Nas comunidades suburbanas os proprietários constroem currais rudimentares onde os animais pernoitam.

3.3.4 – Aves
3.3.4.1 – Galinhas

O crescimento destas aves é lento e a corpulência pequena; atingem em geral apenas 1-2 kg. São dotadas de robustez extraordinária e não concorrem com a alimentação humana pois transformam em carne e ovos diversos vegetais, artrópodes, térmites, minhocas, etc. (1).
Todas as famílias possuem algumas galinhas (3 a 10 bicos) exploradas em sistema livre, deambulando ao redor de casas e aldeias e à noite são recolhidas em abrigos rudimentares construídos para as proteger dos predadores (comunidades da floresta e marginais da floresta). Nas comunidades fora da floresta e suburbanas as galinhas são criadas em sistema misto, passando parte do dia em capoeiras construídas para o efeito (1). A criação de galinhas assume maior importância no Sul (CS) do que no Norte (CF).

3.3.4.2 – Patos

O pato comum, embora de crescimento lento, atinge pesos aproximados de 2,5 – 3 kg nas fêmeas e 3 – 3,5 kg nos machos. A sua criação vem assumindo certa importância a nível familiar, justificando maior atenção por parte dos técnicos, pela facilidade de exploração nestas comunidades (1).
São criados em sistema livre, recolhendo à noite para junto das casas dos seus proprietários ou em abrigos rudimentares. Não competem com o homem na alimentação que consomem pois alimentam-se do que encontram enquanto vagueiam.
A criação do pato assume maior importância no Sul (Comunidades Suburbanas) e diminui no norte (Comunidades da Floresta).

3.4 – Caracterização sumária das espécies silvestres consumidas em Cabinda
3.4.1 – Rato-da-cana

O rato-da-cana (rato-dos-caniços, “greater cane rat”, “aulacode”, “rata de cañaveral” é um roedor robusto com 35 a 61 cm de comprimento (exceptuando a cauda, que mede 7 a 25 cm), pertencente à espécie Thryonomys swinderianus (1). Os adultos pesam geralmente 4 a 7 kg, excepcionalmente 9 kg, com rendimento de carcaça de 57,2% (2). Nos países costeiros da África Ocidental a sua carne é igualmente muito apreciada (3, 4).

3.4.2 – Rato-da-Gâmbia

O rato-da-Gâmbia (cricetomo, “nkumbi”) possui maior difusão que o rato-da-cana, mas tem menos aceitação e por isso mais difícil comercialização. A sua carne pode ser conservada fumada ou salgada.
Existem duas espécies: Chicoteemos emiti, que vive sobretudo na floresta, e Chicoteemos gambianus, que frequenta muito a savana e que é a espécie mais conhecida. O animal adulto pode pesar até 1,6 kg (1).

3.4.3 – Caracol gigante

Em Cabinda existem dois géneros de caracóis gigantes comestíveis: o gánero Achatina, aí representado pela espécie Achatina (Achatina) balteata, que também existe noutras províncias do Norte de Angola e o género Archachatina, representado pela espécie Archachatina (Calachatina) marginata que, com excepção de duas pequenas zonas localizadas na região fronteiriça Norte da Lunda Norte, só existe em Cabinda (1, 5). Podem medir até 30 cm de comprimento e pesam em média 500 gramas.

3.4.4 – Macacos

As espécies de símios mais consumidas em Cabinda pertencem à subfamília Cercopithecinae. Normalmente são vendidos inteiros.

3.4.5 – Potamochero ou porco-do-mato (Potamochoerus porcus)

São animais baixos e de formas pesadas, com cabeça maciça muito alongada. A pelagem é avermelhada e o peso do adulto é de cerca de 50 a 55 kg. A longevidade é de 12 – 15 anos. Nas áreas agricultadas danificam muito as lavras. Normalmente são vendidos já esquartejados (1).

3.4.6 – Porco-espinho

Em Cabinda existem duas espécies de porco-espinho: Atherurus africanus e Hystris africaeaustralis. O primeiro, também conhecido por porco-espinho com cauda de pincel ou simplesmente ateruro, existe sobretudo nas florestas primárias, florestas galeria e florestas ripícolas, mas por vezes também próximo de plantações. O seu peso é de 2 – 4 kg, com rendimento de carcaça de 51% (2). Um dos poucos estragos que faz é comer a mandioca colocada nos charcos e fermentar (1).
O H. africaeaustralis é também conhecido por porco-espinho da África do Sul. É o verdadeiro porco-espinho e pesa entre 15 a 27 kg. A longevidade é de 20 anos.

3.4.7 – Golungo (Tragelaphus scriptus)

É também conhecido, embora que indevidamente, por veado. Vive na floresta e galerias florestais dos rios, bem como na savana arbustiva. A altura do garrote varia entre os 70 – 100 cm. Os machos pesam 40 a 80 kg e as fêmeas 25 a 60 kg, com rendimento de carcaça de 60,1% (2). É vendido esquartejado.

3.4.8 – Cefalofos

Os cefalofos englobam os antílopes com estatura pequena ou média (30 – 85 cm), vulgarmente apelidados de bâmbis-de-floresta (sub-género Cephalophus), pertencentes à família Bovidae, (subgénero Cephalophus), pretencentes à família Bovidae, subfamília Cephalophinae. Em Cabinda existem diversas espécies. A longevidade é de 10 – 12 anos.

3.4.9 – Outras espécies

Não se caracterizam: o elefante da floresta (Loxodonta cyclotis), por vezes abatido e aproveitado, mas que escasseia, concentrando-se especialmente nos países vizinhos; a pacaça (Syncerus nanus) e a jibóia (Boa constrictor), grande serpente não vevenosa da família Boidae, consumida pelos Maiombes (1).

4 – Conclusões

O estudo das espécies pecuárias e selvagens consumidas em cada uma das comunidades de Cabinda e a caracterização de cada uma das espécies descritas, permite especular sobre as potencialidades da mini-pecuária e da possibilidade de introduzir a criação de algumas espécies selvagens em cativeiro.
Há espécies domésticas não exploradas, nomeadamente o coelho e o ganso, desconhecidas em Cabinda, não havendo tradição do seu consumo. O coelho é um dos animais que melhor conversão faz dos alimentos e a sua carne é de excelente qualidade. Os gansos, verdadeiros herbívoros, autênticos “grazers”, podem perfeitamente ser explorados sob a forma de bandos em pastagem. A população de Cabinda poderá aceitar outras espécies, pois para além do sabor agradável, o fomento do seu consumo reveste-se de maior êxito quando já existe o hábito de se comer carne de animais de caça.
Embora não tenha sido referido em nenhuma das comunidades de Cabinda, o cobaio (cobaia, porquinho-da-Índia, rato-chino, chino, cávia), Cavia porcellus, é um roedor muito dócil e que pode atingir cerca de 1 kg, é consumido em muitas regiões africanas.

5 – Recomendações

As espécies menores, como todos os animais, têm determinadas exigências de maneio e nutrição que é necessário satisfazer para se obter o máximo de produção.
Não será fácil obter-se resultados imediatos com as espécies tradicionalmente exploradas e a introduzir (6). A maior dificuldade reside na transformação da mentalidade dos técnicos e na vontade política dos dirigentes de um grande número de países africanos. A melhoria das técnicas de maneio e de assistência veterinária dos efectivos já existentes seriam suficientes para duplicar ou triplicar, em algumas espécies, as produções actuais das várias comunidades de Cabinda.
A criação de um centro que actuasse como um centro de estudo e pólo de desenvolvimento e a elaboração de um programa de criação de espécies menores, permitiria um maior apoio à mini-pecuária existente e o estudo das espécies domésticas e selvagens a introduzir em cada uma das regiões de Cabinda. O exemplo e os resultados obtidos por alguns países Africanos – Gana, Benin, Togo, Costa do Marfim e Nigéria – deveriam entusiasmar os técnicos a adoptarem novos conceitos e novas tecnologias de acordo com a realidade sócio-económica e cultural das populações rurais de cada uma das regiões de Cabinda.

AGRADECIMENTOS

O autor agradece à associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP) e à Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT), o apoio prestado à realização do presente trabalho.

BIBLIOGRAFIA
(1) – GOMES, A. F. e MORAS CORDEIRO, J. M. (1991) – A Pecuária em Cabinda. MINADER. Inst. Inv. Veterinária. Huambo. Angola. 122 p;
(2) – MARTIN, G. H. G. (1985) – Composicion y Palatabilidade de Algunos Animales Silvestres de Uso Corriente como Alimento. Africa Occidental. Rev. Mund. Zootecnia, 53:40-44;
(3) BAPTIST, R. e MENSAH, G. A. (1986) – La Rata de Cañaveral. Animal de Granja del Futuro? Benin y Africa Occidental. Rev. Mund. Zootecnia, 60:2-6;
(4) STIER, C. H.; MENSAH, G. A. e GALL, C. F. (1991) – Elevage d’aulacodes (Thryonomys swuinderianus) pour la production de viande. Rev. Mund. Zoot., 69:44-49;
(5) HODASI, J. K. M. (1984) – Los Caracoles Gigantes de Tierra Comestibles del Africa Occidental. Rev. Mund. Zootecnia, 52:24-28;
(6) HUSS, D. L. (1982) – Especies Menores para las Granjas Pequeñas de América Latina. Rev. Mund. Zootecnia, 43:24-29;

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A FORMAÇÃO DE QUADROS AGRÁRIOS EM ANGOLA

OBS: Comunicação apresentada ao IV Encontro da AULP. 4 A 8 Abril 1994. Lisboa. Portugal.

RESUMO

Uma das tarefas mais importantes e urgentes a ser realizada nos trópicos é aumentar a produção agro-pecuária. É grande a procura de capacitação e aperfeiçoamento em todos os níveis de actividade, desde o campo ao laboratório. Na maior parte dos países em desenvolvimento, a escassez de recursos financeiros e de quadros técnicos capacitados e as dificuldades de transporte, não possibilita a instalação de centros de formação agrária que permitam a formação de quadros agrários. Nos países em que é possível a instalação e funcionamento dos centros de formação profissional, a formação de quadros no ramo agro-pecuário nem sempre atinge os objectivos preconizados porque não se tem em atenção a diversidade geográfica, ecológica, social, económica e cultural de cada região.

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento da agricultura é essencial à economia dos países em desenvolvimento porque para além de fornecer alimentos à população, abastece a indústria em produtos primários e interfere na exportação. A agricultura é a principal fonte de formação de capital que contribuirá para o aparecimento dos investimentos necessários ao desenvolvimento da indústria, dos transportes e de outras actividades dos sectores secundário e terciário.
Os diferentes sistemas de produção agro-pecuários, sistemas auxiliares de abastecimento e mercado e graus de eficácia técnico-económica, correspondem à diversidade geográfica, ecológica, social, económica e cultural de Angola, que variam de região para região, de província para província e às vezes, de município para município.
Esta diversidade tem de ser tida em conta na planificação do desenvolvimento agro-pecuário de Angola, ainda que se considere o desenvolvimento como um processo complexo e gradual. A existência de sistemas de produção tão diferentes, como por exemplo, o nomadismo pastoril e a transumância, agricultura de subsistência, comunidades nas primeiras fases de uma economia monetária, explorações agrícolas familiares e unidades modernas de produção intensiva do sector privado, deve ser encarada com muito realismo.
A elaboração de políticas nacionais em matéria económica e social, com o objectivo de: um melhor equilíbrio entre a população crescente e as suas necessidades alimentares; criação de possibilidades de emprego e investimentos em zonas rurais e o aumento de divisas pelo fomento à exportação, deve ser cuidada para se evitar as distorções ocorridas nos últimos anos.
O estabelecimento de um programa de formação agrária a vários níveis não é uma tarefa fácil para um território extenso, como é o caso de Angola. Só o conhecimento exacto da situação actual e a integração de diversos organismos de responsabilidades específicas na busca de objectivos comuns, permitirá que a agro-pecuária assuma o seu real papel na sociedade angolana.

2 – FORMAÇÃO PROFISSIONAL
A transição da economia rural de subsistência para uma economia de mercado constitui a base da transformação do mundo rural e a formação profissional exerce um papel essencial nesse sentido. Sob formas diversas e com a ajuda de diferentes meios que permitam ao agricultor jovem ou adulto adquirir conhecimentos, a formação profissional ensina as técnicas mais recentes de tal forma que ele possa compreendê-las, assimilá-las e pô-las em prática na própria exploração familiar.
A formação profissional rural deve ter como objectivo a formação de pessoas para o desempenho de actividades futuras como agricultores ou trabalhadores especializados. A formação profissional inserida na realidade do mundo rural, com a diversidade local ou regional, dá aos formandos a possibilidade de uma compreensão mais completa da própria colectividade em que estão inseridos.
Através da utilização de técnicas melhoradoras, agrícolas ou não, a formação profissional deve estimular a fixação à vida rural. Ela deve levar os jovens a considerarem a agricultura e as actividades rurais não tanto como uma forma de sobrevivência mas como uma ocupação que, se praticada de forma adequada, pode proporcionar um nível de vida aceitável dentro do padrão nacional.

2.1 – A FORAMAÇÂO DAS MULHERES E DAS JOVENS RURAIS
As mulheres desempenham um papel indispensável nos trabalhos agrícolas e na gestão da economia familiar, em todos os grupos étnicos do ramo Bantu, exige que a formação profissional lhes seja igualmente dirigida. A mulher necessita de receber os instrumentos teóricos e práticos necessários para assumir responsabilidades no desenvolvimento económico e social das sociedades rurais.
A ocupação da mulher nas tarefas diárias e as suas responsabilidades no mundo rural não permite que se desloque para os centros de formação. Nestes casos a formação e a divulgação agrícola deve ser realizada por meio de curtas acções de formação, reuniões e visitas dos formadores e vulgarizadores aos locais de residência. Este tipo de formação tem custos que as dificuldades económicas dos países em desenvolvimento não permitem suportar, relegando para segundo plano a formação das mulheres.
As mulheres e as jovens rurais devem encontrar nos programas de formação profissional as mais variadas matérias. Para que tais objectivos sejam alcançados é necessário realizar trabalhos de pesquisa para determinar os conteúdos de tais programas e a sua aplicação de acordo com a realidade sócio-económica e cultural do mundo rural de uma determinada região. Tais trabalhos são até agora demasiado incompletos ou inexistentes para constituírem as bases dos programas de formação sistemática.

3 – FORMAÇÃO DE QUADROS MÉDIOS

À semelhança do que ocorre em muitos países em desenvolvimento, em Angola há uma tendência crescente da capacidade técnica estar acima do que na realidade faz falta para o desempenho de muitas tarefas básicas e, por conseguinte, a inclinar-se demasiado para o lado teórico. O ensino eminentemente teórico produz, inevitavelmente, um “desnível cultural” indesejável entre o camponês ou criador de gado, ávidos de receber ensinamentos práticos, para a resolução dos seus problemas diários, e o técnico incapaz de os satisfazer.
A actual formação dos Técnicos Médios do ramo agro-pecuário peca por desconhecer:
- a estrutura social e económica das colectividades agro-pecuárias – a base sociológica da produção agro-pecuária só pode ser ensinada por pessoal dotado de conhecimentos profundos sobre as populações das zonas onde trabalharão os quadros formados. O êxito ou o fracasso dos programas de produção agro-pecuária dependerá do grau de compreensão que exista entre o técnico e o proprietário;
- edafologia e agronomia – o ecossistema deve ser analisado duma forma integrada – relação solo-planta-animal, permitindo a interpretação de factores como clima, solos, pastos, criação de gado, nutrição animal e agentes patogénicos nas distintas regiões do país;
- técnicas de produção animal e vegetal – é fundamental conhecer os métodos de exploração tradicionais e as técnicas de produção mais complexas aplicáveis sobre uma base económica mais realista.

4 – CONCLUSÕES
Há a necessidade de se redefinir a estrutura dos cursos agrários para que os técnicos possam, também, responder com urgência aos problemas que lhes são colocados por sistemas tradicionais de produção das várias regiões de Angola.
É urgente a concepção de um sistema mais dinâmico de capacitação e ensino no ramo agrário, que satisfaça as necessidades de cada região e a elaboração de uma estratégia do quadro profissional suficientemente flexível para que possa adaptar-se à evolução contínua da realidade agrária.
É evidente que as dificuldades de planificação das estruturas dos cursos agrários são enormes, principalmente quando o conhecimento real e actual dos sistemas de produção é reduzido ou nulo.

Agradecimentos
O autor agradece à Associação das Universidades de Língua Portuguesa (AULP) e à Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica (JNICT) de Portugal o apoio prestado à realização do presente trabalho.